O Encontro sobre a Hanseníase visa aumentar a conscientização sobre a doença, seus sintomas, tratamento e prevenção. A programação do evento contou com palestras, oficinas e apresentações de trabalhos. Na quarta-feira, 21, os participantes acompanharam uma palestra com a equipe do Hospital Humânitas sobre “Diagnóstico e Tratamento” e outra com a equipe do Hospital São Roque do Paraná sobre “Tratamento da Hanseníase, Prevenção de incapacidades e Reabilitação. Já na quinta-feira, 22, ocorreram as apresentações de trabalhos e oficinas de prevenção, avaliação dermatológica e prescrição de tecnologia assistiva.
O diretor do Campus Luiz Meneghel, de Bandeirantes, Ricardo Castanho Moreira, agradeceu aos profissionais e estudantes da área da saúde e destacou a importância do evento. “A hanseníase é uma doença que ainda gera estigma e preconceito e a conscientização é fundamental para garantir que as pessoas com a doença recebam tratamento adequado e não sejam discriminados. Esse encontro conta com diversidade de profissionais e estudantes da área da saúde que atuam em 23 municípios da região Norte do Paraná”, salientou.
A coordenadora do Programa de Hanseníase da 18ª Regional de Saúde, Arlete Marcolino Maria, abriu as discussões e enfatizou que o encontro aconteceu em alusão ao dia estadual da conscientização sobre a Hanseníase, que é celebrado em 26 de maio. “A Secretaria do Estado da Saúde chama a atenção de toda a população para o enfrentamento da doença com destaque para a importância do diagnóstico precoce, tratamento e a luta contra o preconceito. A hanseníase é uma doença que é um pouco abafada, talvez por aparecer poucos casos, a gente vai conseguir pegar o paciente em uma etapa que já está prejudicando”, alertou.
Apesar da diminuição dos casos nos últimos anos, segundo a 18ª Regional de Saúde, o município de Bandeirantes foi escolhido para sediar o evento, porque somente em 2019 registrou 10 novos casos positivos da doença, após um estudo realizado pelo órgão. “Em 2021, tivemos na nossa Regional 25 novos casos, em 2022 caiu para sete, em 2023 tivemos 15 casos, 2024 foram 11, e em 2025 temos oito casos até agora”, informou a palestrante.
O prefeito de Bandeirantes, Jaelson Ramalho Matta, desejou boas-vindas aos participantes e partilhou que a desinformação pode representar um risco grande no enfrentamento a doença. “Quero acolher a todos vocês servidores, profissionais da área da saúde, que vieram aprender e compartilhar esse tema a respeito da hanseníase. O melhor remédio contra as enfermidades, especialmente aquelas que são endêmicas, que se propagam e afetam muitas pessoas é a união e o que vocês estão fazendo, hoje, é isso, estão se unindo para combater esse mal. Assim também contra todas as enfermidades, nós devemos estar unidos, porque este mal que se propaga muitas vezes de maneira rápida”, disse.
O médico Mauro Figueiras Mendes, especialista em Hansenologia, agradeceu o convite em colaborar com o tema e destacou em sua palestra os desafios no enfrentamento da doença, além de explicar a classificação da Hanseníase, que pode ser tuberculoide, com poucas lesões, lepromatosa, com muitas lesões e com resposta imunde fraca. “Com a hanseníase virchowiana a pessoa não tem imunidade contra o bacilo, daí ela se torna uma doença mais grave, a imunidade que existe na forma virchowiana é chamada imunidade humoral que não confere a capacidade do organismo de evitar a progressão da doença”, alertou o palestrante.
Representante do Hospital Humânitas, o médico partilhou, ainda, que a hanseníase é uma doença infecciosa, contagiosa, de evolução crônica, que é causada pela bactéria Mycobacterium Leprae, que atinge principalmente a pele, as mucosas e os nervos. “Ela é uma das doenças mais conhecidas da história e que nos primórdios era chamada de Lepra. Ao longo dos séculos, a humanidade sofreu intensas dores, tanto físicas como emocionais, devido ao intenso preconceito, haja vista que não se conhecia a origem da doença”, reforçou o especialista.
No final do encontro, o diretor do Campus, Ricardo Castanho Moreira, agradeceu ao apoio dos parceiros. “Esse é um evento organizado pela 18ª Regional de Saúde, secretaria municipal de Saúde de Bandeirantes, secretaria municipal de Saúde de Cornélio Procópio, Hospital Humanista, SESC, UENP, e Campus Luiz Meneghel através do curso de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem com Atenção Primária à Saúde, em parceria com o Hospital de Dermatologia Sanitária do Paraná, Hospital São Roque e Secretaria Estadual de Saúde do Paraná”, finalizou.
Participaram também do encontro o vice-diretor do CLM, professor Ademir Zacarias Junior, a médica do Hospital Humânitas, Géssica Aiala, a coordenadora do Programa Estadual de Hanseníase, terapeuta Ana Caroline Dias, o médico hansenologista do Hospital São Roque do Paraná, Hamilton Leite Ribeiro, a enfermeira Andreia Jasen Pereira, a terapeuta Tatiana Crovador Siefert, diretores dos centros de estudos, coordenadores de cursos, docentes, autoridades regionais e estudantes.
Hanseníase
A hanseníase tem cura desde a década de 1980 e cessa a transmissão assim que é iniciado o tratamento da doença. Os sintomas mais comuns são manchas como perda ou alteração de sensibilidade para calor, dor ou tato, formigamentos, agulhadas, câimbras ou dormência em membros inferiores ou superiores, diminuição da força muscular, dificuldades para pegar ou segurar objetos, nervos engrossados e doloridos, feridas difíceis de curar, coceira ou irritação nos olhos, entre outros.